ATENDIMENTO AO CIDADÃO

MPPA promove seminário sobre a cultura da paz e práticas restaurativas

Profissionais da educação apresentaram resultados de capacitação em ‘’práticas restaurativas’’. O evento integra o plano de atuação das Promotorias da Infância
Belém 31/10/19 11:02

Como ponto alto do trabalho sobre ‘’a cultura da paz e práticas restaurativas nas escolas de Belém’’ realizado nos últimos dois anos pela 4ª, 5ª e 6ª Promotoria de Infância e Juventude da capital, o Ministério Público do Pará (MPPA) recebeu nesta quarta (30) professores, diretores e técnicos de diversas escolas para o Seminário ‘’Círculos de Diálogo: um caminho na construção da cultura de paz’’. 

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No plano de ação das 4ª, 5ª e 6ª Promotorias de Infância e Juventude de Belém, da área infracional, foi decidido para biênio 2018/2019 trabalhar as práticas restaurativas nas escolas que compõem o sistema público de ensino de Belém. Neste biênio foi realizada capacitação com profissionais da educação pública e palestras nas escolas. Profissionais de três escolas apresentaram os resultados da capacitação durante toda a mahhã.

A 6º Promotora de justiça da infância e juventude, Viviane Veras de Paula Couto, ao falar sobre o trabalho desenvolvido informou que ‘primeiramente foram realizadas reuniões com as secretarias de educação do Estado e do Município e propostas as oficinas de capacitação. "Depois da adesão da Semec e Seduc, realizamos três oficinas de capacitação com profissionais da educação indicados pelas secretarias, por meio dos nossos técnicos já capacitados na formação de práticas restaurativas’’.

Promotora de Justiça Viviane Couto faz abordagem conceitual e jurídica da cultura da paz e da justiça restaurativa
Promotora de Justiça Viviane Couto faz abordagem conceitual e jurídica da cultura da paz e da justiça restaurativa
Foto: Alexandre Pacheco

 As chamadas práticas restaurativas referem-se a um paradigma de resolução harmoniosa de conflitos (dos mais variados), com a promoção do diálogo entre aqueles envolvidos na situação conflituosa. Nos diálogos, chamados de círculos, são pontuadas questões como a percepção de cada um sobre o conflito, como e porque aconteceu, e se a situação poderia ser evitada. O mediador busca a responsabilização dos envolvidos no conflito e a restauração da relação entre eles, conforme do possível.

Dos que receberam a formação em práticas restaurativas, três profissionais apresentaram durante o seminário os resultados da aplicação em suas escolas. A coordenadora pedagógica da Escola Municipal Alzira Pernambuco do bairro do Marco, Márcia Ramos da Costa e o professor de artes da mesma escola, Jadson Brabo Maués demonstraram que a partir da aplicação dos círculos de diálogos houve maior respeito mútuo entre os alunos, arrependimento de práticas desrespeitosas, convivência mais harmoniosas e redução de conflitos. 

A professora do 3º ano do ensino fundamental da escola do Bengui Waldomiro Rodrigues de Oliveira, Carmem Helena Souza Santos, também apresentou bons resultados da aplicação das práticas restaurativas em sua unidade escolar. Observando que em sua turma havia alguns alunos com comportamentos irregulares ‘’que faziam mudar o comportamento de toda a turma’’, a professora de forma extracurricular vem realizando com os alunos os círculos de diálogos e já observou melhora no comportamento da turma em geral.

Professora Carmem Santos fala dos resultados dos ''Círculos da paz'' em sua unidade escolar
Professora Carmem Santos fala dos resultados dos ''Círculos da paz'' em sua unidade escolar
Foto: Alexandre Pacheco

‘’Depois da aplicação dos círculos de diálogos (mediado pela professora) nós percebemos mudanças consideráveis de comportamento, como se eles refletissem sobre o que eles estavam fazendo e a forma como deveriam estar mudando os seus atos. Foi perceptível que houve mudança nos relacionamentos, fortalecimento das amizades, fortalecimento da empatia e até mudança nas palavras que eles usavam (muitas palavras depreciativas) para tratar com os colegas‘’, relata a professora Carmem Santos. 

Após a realização do seminário com a apresentação dos resultados da capacitação, a 5º promotora da Infância e Juventude de Belém, Rosilene de Fátima Lourinho dos Santos, disse que as promotorias vão realizar as primeiras reuniões para começar ‘’a avaliar se vamos dar continuidades no próximo plano de atuação (biênio 2020/2021) aos círculos e capacitação dos professores. Pelo que percebemos no seminário há, realmente, necessidade’’.

 

A promotora de justiça Rosilene dos Santos fala da finalização do plano de atuação das promotorias e reforço da ideia da cultura da paz como necessária nas nossas escolas
A PJ Rosilene dos Santos falou da finalização do plano de atuação e reforçou a ideia da 'cultura da paz' como necessária nas escolas
Foto: Ascom MPPA

Muitos dos participantes do Seminário se manifestaram demonstrando interesse em participar das capacitações em práticas restaurativas, dentre eles a Vice-diretora da Escola Estadual Ruth Rosita de Nazaré Gonsalez, Maria de Fátima Barros de Oliveira, que trabalha há mais de 20 anos na instituição de ensino público localizado no Bairro do Guamá.  ‘’Nosso objetivo é restaurar esse aluno, mas não apenas no ambiente das escolas, o que torna a resolução mais difícil, mas necessária. Isto porque não adianta trabalhar a cultura da paz apenas com esse aluno, se ele tem um ambiente familiar com sérios problemas e de violência em seus bairros. É preciso trabalhar a cultura da paz com as famílias também’’.

Vale ressaltar que a promoção das práticas restaurativas não é exclusiva de instituições públicas ou do sistema de justiça. Apesar da metodologia ser relativamente nova no Brasil, há organizações que já realizam capacitações na área, como A Associação Brasileira Terra dos Homens (Terra dos Homens), sudeste do Brasil.

 

Evento reuniu profissionais de diversas escolas e alunos
Evento reuniu profissionais de diversas escolas e alunos
Foto: Ascom MPPA

    

Participações

O Seminário foi promovido pelas 4ª, 5ª e 6ª Promotoria de Infância e Juventude de Belém, com os respectivos titulares, promotores de justiça, Nicolau Antonio Donadio Crispino, Rosilene de Fátima Lourinho dos Santos e Viviane Veras de Paula Couto e pelo Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional (Ceaf). Além dos profissionais de diversas escolas de Belém, houve a participação da 2ª promotora de Justiça Cível e de Defesa Comunitária e Cidadania de Icoaraci, Sinara Lopes Lima; da coordenadora das Promotorias de Justiça da infância e Juventude, Ângela Balieiro; e de representantes da Secretaria de Educação do Estado (Seduc) e Secretaria de Educação do Município (Semec).

  

Texto: Renan Monteiro (estagiário de jornalismo)
Revisão: Edyr Falcão

 

 

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