ATENDIMENTO AO CIDADÃO

Seminário trata de direitos e políticas públicas para população LGBTI

Evento estimulou e discutiu ações de combate a LGBTIfobia
Santarém 11/11/19 10:39

O Seminário Direitos Humanos e Questões de Gênero, de combate a LGBTIfobia, reuniu cerca de 200 pessoas na sexta-feira, 8 de novembro, no auditório da Promotoria de Justiça de Santarém. O evento foi promovido pelo Centro de Apoio Operacional Constitucional e o Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional (CEAF) do Ministério Público do Estado do Pará (MPPA), em parceria com a Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos.

O objetivo foi o estímulo para discussão, reflexão e articulação entre as instituições pela implantação de ações de combate a LGBTIfobia e de políticas públicas de garantia dos direitos das pessoas LGBTI. A abertura foi feita pelo diretor do CEAF, promotor de Justiça Rodier Barata Ataíde, em mesa composta por integrantes do MPPA, OAB e representantes da sociedade civil.  Na apresentação cultural, o artista santareno Rawi Sxi apresentou duas de suas composições. 

Cerca de 200 pessoas participaram do seminário
Cerca de 200 pessoas participaram do seminário
Foto: Lila Bemerguy

O promotor de Justiça Marco Aurélio Lima do Nascimento, coordenador do CAO Constitucional, destaca que o seminário é promovido em Santarém e outras cidades do Estado “para discutir em termos de políticas públicas em relação à saúde, educação e assistência e para que possamos valorizar a questão dos direitos humanos, combatendo o preconceito, a discriminação ao público LGBTI”.

O primeiro painel teve como tema “Garantia dos Direitos LGBTI”, coordenado pela promotora de Justiça de Santarém, Lílian Braga, que foi eleita no dia 27 de outubro a madrinha da Parada Gay em Santarém, pelo trabalho desenvolvido na promotoria da Saúde e Educação. Nesse painel palestrou a Procuradora do Ministério Público do Trabalho de São Paulo, Sofia Vilela de Moraes e Silva, que falou sobre a discriminação no ambiente de trabalho. A procuradora citou casos de litígio envolvendo transexuais na justiça do trabalho e que geram jurisprudência a ser aplicada em situações semelhantes.

Procuradora Sofia Vilela, do MPT de São Paulo, e Lilian Braga, promotora de Justiça de Santarém
Procuradora Sofia Vilela, do MPT de São Paulo, e Lilian Braga, promotora de Justiça de Santarém
Foto: Lila Bemerguy
 

O segundo tema, sobre rede de apoio e políticas públicas, foi apresentado por Rafael Osorio Ventimiglia dos Santos, atual gestor da Gerência de Proteção à Livre Orientação Sexual (GLOS), ligada à Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos (SEJUDH), que destacou as políticas públicas do Estado voltadas para a população LGBTI. Um dos pontos destacados pela plateia é a necessidade de trazer o serviço de um ambulatório especializado para esse público para Santarém, uma vez que só existe na Capital.

O painel sobre os direitos LGBI teve coordenador o promotor de Justiça Marco Aurelio Lima do Nascimento. O advogado e integrante da Comissão de Diversidade Sexual e População LGBTI da OAB Pará, João Jorge Neto, falou os direitos já existentes na legislação, mas que precisam ser respeitados e colocados em prática. Segundo ele, entre 2012 e 2019 foram registrados 120 assassinatos no Estado por motivação homofóbica, sendo 26 em 2019. No Brasil, nesse período foram cerca de 2500 mortes de pessoas LGBTI, sendo 420 em 2018.

Advogado da OAB Pará, João Jorge Neto
Advogado da OAB Pará, João Jorge Neto
Foto: Lila Bemerguy

A promotora de Justiça de Santarém, Luziana Dantas, apresentou o tema sexo e gênero na era da diversidade sexual, trazendo uma abordagem histórica de como o conceito de gênero foi construído na humanidade, especialmente o que levou a dividir a sociedade em masculino e feminino, destacando que tudo o que não está de acordo com essa divisão é passível de preconceito.

Promotora de Justiça Luziana Dantas falou sobre gênero na era da diversidade sexual
Promotora de Justiça Luziana Dantas falou sobre gênero na era da diversidade sexual
Foto: Lila Bemerguy

O encerramento foi feito com a apresentação da cantora santarena Cristina Caetano. O representante da ONG Grupo Homossexual de Santarém (GHS), Luciano Firmo, informou que será proposta a descentralização da delegacia contra crimes homofóbicos e discriminatórios que já existe em Belém, para ser implantada em Santarém. Outra proposição é o retorno do funcionamento de uma unidade de saúde para atender o público LGBTI, que era mantida por uma associação, mas que foi desativada por falta de recursos e estrutura física. Um documento com todas as reivindicações será encaminhado ao governo do Estado.

Texto: Lila Bemerguy

 

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