ATENDIMENTO AO CIDADÃO

Reunião alinha parceria para dinamizar uso do Theatro Victória

Procurador-geral Gilberto Martins tratou com Secretaria de Estado de Cultura sobre compartilhamento do prédio
Belém 12/04/19 17:31

Considerada uma das principais belezas do município de Santarém, o centenário Theatro Victória poderá em breve funcionar como um centro para a realização de atividades culturais e de fomento à economia criativa. O assunto foi tratado na manhã desta sexta-feira (12) durante audiência entre o procurador-geral de Justiça do Pará, Gilberto Martins, e a secretária de Estado de Cultura, Úrsula Vidal, que teve como objetivo discutir a possibilidade de compartilhamento do teatro e a dinamização das atividades sediadas naquele espaço cultural. 

A audiência aconteceu no gabinete da Procuradoria-geral de Justiça, no edifício-sede do Ministério Público do Estado do Pará (MPPA), em Belém. Gilberto Martins e Úrsula Vidal trataram a possibilidade de a Secretaria de Estado de Cultura (Secult) ser parceira do MPPA na utilização do teatro, que hoje acomoda serviços do programa MP e a Comunidade e atividades da prefeitura de Santarém. 

Pertencente à prefeitura, o Theatro Victória passou anos fechado. Em 2010, o MPPA assinou um termo de cessão com a prefeitura para utilizar o teatro pelo período de 25 anos. Em 2012, o espaço cultural foi reaberto após meses de reforma e de trabalho intenso. As obras custaram mais de R$ 1,7 milhão. 

Desde que o teatro foi reaberto, os dois pavimentos do prédio abrigam atividades do MPPA e da prefeitura local. Um piso é utilizado pelo programa “O Ministério Público e a Comunidade”, que oferece atendimento jurídico-judiciário à população da região do Baixo Amazonas. Já o auditório, que tem capacidade para 130 pessoas, é administrado pelo poder público municipal.

Membros do MPPA discutem dinamização do Theatro Victória
Membros do MPPA discutem dinamização do Theatro Victória
Foto: Comunicação MPPA

Parte da estrutura do teatro ficou ociosa depois que o MPPA inaugurou uma nova sede em Santarém, em 2016, na Avenida Mendonça Furtado. Em razão do termo de cessão assinado em 2010, o teatro está sob salvaguarda do MPPA, que é o responsável pela manutenção do imóvel. 

A proposta apresentada pela Secult é transformar o Theatro Victória em um centro cultural, que ofereça oficinas e ambientes para o estímulo à economia criativa. O procurador-geral Gilberto Martins se mostrou sensível ao pedido e manifestou a disposição em otimizar o uso do teatro. As partes discutiram alternativas jurídicas para a formalização de um termo de cooperação para compartilhamento do espaço, incluindo a participação da Secretaria de Cultura de Santarém. 

Ficou acertado na reunião que representantes do MPPA e da Secult farão uma vistoria presencial ao teatro, ainda neste mês de abril, para definir quais áreas podem ser compartilhadas e quais os espaços mais adequados para receber as atividades culturais. 

Também participaram da audiência desta sexta-feira os promotores de Justiça Aldo Saife, chefe de gabinete da Procuradoria-geral de Justiça; Nilton Gurjão, titular da Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente, Patrimônio Cultural e Habitação e Urbanismo; Rodier Barata, diretor do Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional; e Godofredo Pires, coordenador do Centro de Apoio Operacional Cível. A secretária Úrsula Vidal esteve acompanhada pelo secretário adjunto da Secult, Bruno Chagas.

O Theatro Victória foi reaberto em 2012 após ampla reforma custeada pelo MPPA
O Theatro Victória foi reaberto em 2012 após ampla reforma custeada pelo MPPA
Foto: Comunicação MPPA

HISTÓRICO - A pedra fundamental da obra do Theatro Victória foi lançada em 5 de maio de 1895, pelos integrantes do Clube Dramático Santareno, presidido por Turiano Meira Vasconcellos e fundado cerca de três meses antes. Compunham o clube Alexandre Sussuarana, Antônio Braga, Elias Cohen e outros. O teatro foi erguido sem dinheiro público, com os recursos arrecadados pelos membros do clube. A obra foi concluída em treze meses e 23 dias, ao custo de 40 contos de réis. 

O autor do projeto foi o engenheiro franc ês Maurice Blaise, que planejou todos os detalhes do prédio, com lotação para 500 lugares. A inauguração ocorreu em 28 de junho de 1896. O ato solene foi prestigiado por cerca de 600 pessoas, e de acordo com Wilson Fonseca, “foi, sem dúvida, o maior acontecimento daquele final do século XIX”, contendo uma vasta programação de inauguração, que incluía um espetáculo de gala em três atos, feito pelos atores do Club Dramático Santareno, e apresentação de orquestra. Durante o dia duas bandas de música percorreram as ruas da cidade, executando peças musicais. O prédio foi aberto para visita do público até as 4 da tarde, e duas bandas se revezavam em apresentações. À noite aconteceu o espetáculo, com ingressos vendidos ao público. 

Ao longo de sua história o teatro passou por reformas que acabaram por descaracterizar completamente os traços originais. Em 1917, na administração do intendente Oscar Barreto, foi reformado e ganhou novo mobiliário. Em 1925 e 1933, nas administrações de Joaquim Braga e Ildefonso Almeida, o teatro foi novamente restaurado, sem sofrer alterações na arquitetura. A águia de cobre “pousada” no centro da platibanda da fachada não foi oriunda da construção original, mas sim ali colocada na reforma do ano de 1933, em substituição a dois ornamentos de louça portuguesa que ali existiam. 

A águia foi idealizada por Manoel Maria de Macedo Gentil, conhecido como “Xixito”, e confeccionada pelo artífice José Pinto. 

Quando de sua utilização como teatro, inúmeros espetáculos, conferências, e programações especiais foram promovidas, até 1965, quando uma grande reforma foi realizada, sob a alegação de más condições, e o prédio foi descaracterizado de seus traços originais. A partir daí, passou a ser utilizado para outros fins, como Câmara Municipal e Secretaria Municipal de Educação. Serviu ainda de local para ensaios da orquestra Filarmônica de Santarém.

   

Texto: Fernando Alves
Assessoria de Comunicação Social

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