Procurador-geral defende perda de bens a autores de atos de corrupção

Agentes públicos que tenham adquirido bens com recursos provenientes de atos de corrupção devem sofrer, entre as punições, a transferência destes bens ao poder público. A posição foi defendida pelo procurador-geral de Justiça do Pará, Gilberto Martins, durante o “Seminário CNMP e MPRJ: perspectivas sobre o combate à corrupção”, realizado no Rio de Janeiro, no edifício-sede do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ).
Gilberto Martins, que preside o Grupo Nacional de Defesa do Patrimônio Público (GNPP), do Conselho Nacional de Procuradores-Gerais do Ministério Público dos Estados e da União (CNPG), foi um dos debatedores do evento, que ocorreu nesta quinta-feira (14) e sexta-feira (15) e reuniu promotores de Justiça, procuradores da República e vários representantes de instituições envolvidas na fiscalização dos gastos públicos.
O procurador-geral de Justiça foi um dos mediadores da palestra “Desafios no combate à corrupção”, proferida na quinta-feira pelo desembargador federal João Pedro Gebran Neto, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, relator da Operação Lava-Jato. Gilberto Martins defendeu o retorno à pauta de votações do Congresso do projeto de lei de extinção do domínio (PL do Senado n° 257, de 2015), que caracteriza a perda civil de bens, direitos ou valores de agentes públicos que sejam produto ou proveito de atividade ilícita, com sua transferência em favor dos entes federativos.

“O Brasil vive uma crise de valores éticos, com a falência moral do Estado, corrupção e impunidade. A Lava-Jato desvelou fatos como a constituição de organizações criminosas dedicadas ao superfaturamento de obras e fraudes em financiamento de campanhas. A partir de novos paradigmas começamos a mudar a percepção de impunidade”, reforçou o desembargador João Pedro Gebran.
Realizado em parceria com o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), o evento contou com a participação de representantes de instituições envolvidas na fiscalização dos gastos públicos. Compuseram a mesa de abertura o procurador-geral de Justiça, Eduardo Gussem; os conselheiros do CNMP, Silvio Amorim e Sebastião Caixeta; o presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), José Robalinho Cavalcanti; e o presidente da Associação do MPRJ (AMPERJ), Ertulei Laureano Matos.
“No momento em que vemos o Estado do Rio em evidência pela corrupção que corrói serviços públicos, mata pessoas e tira crianças da escola, ganha força a certeza de que, somente com a união de instituições, conseguiremos superar todos os desafios que se apresentam. A presença de tantos colegas neste evento, de todo o país, é prova inequívoca do compromisso que assumimos no combate à corrupção”, afirmou Eduardo Gussem.
O evento discutiu temas do momento relacionados ao combate à corrupção, como a ação coordenada de orçamentos vinculados à educação, a integridade como alicerce no combate à corrupção, técnicas de lavagem de capital, cartéis em licitação pública e acordos de leniência.
Reunião ordinária
Antes de participar do evento sobre o combate à corrupção, o procurador-geral Gilberto Martins presidiu, na manhã desta quinta-feira, a segunda reunião ordinária do GNPP, com a presença de promotores de Justiça que atuam nos Centros de Apoio Operacional de Defesa do Patrimônio Público do Ministério Público dos Estados. Reunidos no edifício-sede do MPRJ, eles trataram sobre linhas de atuação do CNPG no enfrentamento aos crimes contra o patrimônio público.
Texto: Fernando Alves, com informações do MPRJ
Assessoria de Comunicação Social