MPPA reúne para discutir fechamento de escolas no campo

Nesta segunda-feira, 30, o Ministério Público do Estado do Pará (MPPA), representado pelo 2º Promotor de Justiça de Breves, Harrison Bezerra, promoveu uma reunião na sala da Promotoria de Justiça do Município para abordar o fechamento de escolas no campo e seu impacto no direito à educação das comunidades ribeirinhas no município de São Sebastião da Boa Vista.
O encontro contou com a presença do Procurador de Justiça Cível, Waldir Macieira, do Professor Titular da Universidade Federal do Pará (UFPA) e Coordenador do Fórum Paraense de Educação do Campo, Salomão Hage, além da integrante do Fórum Metropolitano da Educação do Campo, das Águas e da Floresta, Marinor Brito. Também estiveram presentes líderes comunitários, como Sebastião Rodrigues Pereira da comunidade Nossa Senhora de Nazaré dos Chaves, Izanildo do Socorro Campos da comunidade Nossa Senhora da Praia e Antônia Maria do Socorro.

Sebastião Rodrigues, líder da comunidade Nossa Senhora de Nazaré dos Chaves, relatou que a sua comunidade foi diretamente afetada pelo fechamento de uma escola que serviu à comunidade por 53 anos, atendendo a 54 alunos. Segundo Rodrigues, os estudantes, agora direcionados para um novo local, enfrentam desafios climáticos e o risco representado pela maresia. Alguns pais, preocupados com a possibilidade de perderem o benefício do Bolsa Família - principal fonte de renda para muitas famílias - estão apreensivos.
Izanildo do Socorro acrescentou que em sua comunidade, uma escola com mais de 50 anos de história, que atendia 30 alunos, também foi fechada. Os estudantes foram realocados para duas localidades: São Marcos, onde enfrentam dificuldades devido ao clima adverso e à forte maresia, e a Escola Pedro Nogueira, situada no Rio Urupuzal, na Comunidade Perpétuo Socorro, que está a cerca de meia hora de distância das residências dos alunos. No entanto, o transporte fluvial disponibilizado é pequeno e desprovido de equipamentos de segurança adequados.
Antônia Maria compartilhou a preocupação de que uma das crianças afetadas pela mudança apresentou alterações no comportamento, bem como problemas de saúde, incluindo febre e mal-estar. Acredita-se que essas situações estejam relacionadas à abrupta mudança de ambiente e à dificuldade de adaptação da criança ao novo local. Ela enfatizou ainda que as crianças agora saem de casa às 5:30 e retornam às 13:00, o que aumenta a carga de desafios enfrentados por esses jovens estudantes.
A reunião foi marcada por um debate amplo e comprometido com a busca de soluções para a situação crítica enfrentada pelas comunidades ribeirinhas de São Sebastião da Boa Vista. O Ministério Público do Estado do Pará se comprometeu a continuar acompanhando o caso de perto e a buscar alternativas que possam garantir o direito à educação de qualidade para todos os estudantes envolvidos.
Texto e fotos: Sophia Faro/ com informações da 2ª Promotoria de Justiça de Breves