MPPA promove debates e homenagens pelo Dia do Orgulho Autista

Por ocasião do Dia do Orgulho Autista, comemorado no dia 18 de junho, o Ministério Público do Estado promoveu nesta 4ª feira (19) um evento em homenagem ao transcurso desta data. Coordenado pela 3ª Promotoria de Justiça de Defesa da Pessoa com Deficiência e Idosos de Belém, o encontro contou com a participação de órgãos públicos do Estado e Município e instituições da sociedade civil que possuem um trabalho ou núcleo voltado para a defesa dos direitos da pessoa com deficiência e, especificamente, dos direitos do autista. Os participantes lotaram o auditório da Promotoria da Infância e Juventude, localizado na Cidade Velha.
A data surgiu em junho de 2004, com a primeira campanha “Autistic Pride Day” (Dia do Orgulho Autista), organizada pelo Aspies for Freedom – nome de um grupo londrino de pessoas autistas que se organizaram em torno da ideia de que precisavam defender os seus direitos. Este dia celebra a neurodiversidade e as características únicas que as pessoas autistas apresentam.

A atividade compreendeu a abertura, na qual cada instituição pode fazer a sua saudação à plateia, seguida de mesa de conversa e palestras, sendo uma delas ministrada pelo professor Renan dos Santos Fonseca, que também é autista e ativista em defesa dos direitos das pessoas autistas.
Segundo a 3ª promotora de Justiça de Defesa da Pessoa com Deficiência e Idosos, Elaine Castelo Branco, a ideia de fazer o evento surgiu após o Ministério Público ser procurado por representantes da sociedade civil, para fazer um evento no sentido de homenagear e desmistificar o que é o autismo, que não é uma doença, mas uma maneira diferente de ver a vida.
“Procuramos dar o máximo de espaço para as instituições mostrarem o que têm desenvolvido em defesa da pessoa autista, ajudar as pessoas que têm o diagnóstico novo e ainda não sabem a quem recorrer”, destacou a promotora Elaine Castelo.

Na 3ª Promotoria na qual é titular, Elaine afirma que ainda não chegou denúncia de preconceito, mas que tem muita demanda na área de educação, com a parte do apoio pedagógico a essas crianças autistas, pois elas têm maior dificuldade no aprendizado e precisam de apoio.
Enfatizou ainda a promotora: “os autistas têm uma maneira diferente de processar o conhecimento, não é que eles não estejam processando, pelo contrário, têm pessoas muito inteligentes. Por essa razão eu convidei o professor Renan, que faz questão de se identificar como autista, justamente para passar esse conhecimento aos outros”.
Participaram das atividades as promotoras de Justiça Ioná Nunes, Leane Fiuza de Melo e Mariela Hage, que também saudaram à plateia presente.
Um dos problemas enfrentados pelas pessoas autistas é o fato de as escolas precisarem se adequar cada vez mais, como por exemplo, à provas adaptadas e com um tempo maior para esses alunos executarem as questões. Prova adaptada não significa favorecer a pessoa autista, mas deve-se ao fato do autista ter muita dificuldade, por exemplo, com provas de marcar, que para as pessoas comuns são consideradas mais fáceis. Para a pessoa autista o ideal seria fazer a prova de forma escrita, pois para ele é mais fácil desenvolver o pensamento na escrita.
Edilene do Socorro Carneiro das Chagas, que integra as instituições “Mãe Guerreiras” e “Laços Azuis” explica que o trabalho dessas entidadesconsiste em atender as demandas do movimento, serve de apoio a todas as mães e pais.

No caso do Mãe Guerreiras o movimento é estadual e composto somente de mães. A pessoa chega ao grupo e explana tudo o que está acontecendo com o seu filho, na sua vida, as demandas que ocorrem e os problemas também.
“Com isso vamos detectando e acabamos criando um grande termômetro pra saber como anda a inclusão nos outros municípios. A partir desse momento nos juntamos com as outras associações para saber o que podemos fazer para cobrar políticas públicas do Estado”, enfatizou Edilene Chagas.
Além das políticas públicas também é dado o apoio emocional às mães, para que possam desabafar seus problemas e verificar o que poderia atender as suas necessidades e de sua criança.
Já o movimento Laços Azuis é mais recente, está sendo fundado agora por Edilene Chagas, é um movimento somente para autistas, com o objetivo de orientar com informações atualizadas sobre o que há de novo sobre o autismo, políticas públicas e no sentido também de tirar do papel a lei do autismo.
“O autismo por ser uma síndrome que tem peculiaridades ímpares, que pertencem só a ele, é diferente de todas as outras, pois se torna algo muito complexo. A maior prova disso é que existem leis específicas que abrangem só o autismo.
Renan Fonseca, um dos palestrantes do dia, era monitor de informática da Associação dos Autistas do Estado do Amapá. Atualmente está afastado das aulas por conta das palestras que profere.
“Hoje abordei a desmistificação do autismo, por meio das vivências e relatos de experiências do orgulho de ser uma pessoa autista. Como combater o preconceito e da luta que a pessoa com autismo tem que enfrentar, porque infelizmente o preconceito existe em todo o lugar, mas você tem que enfrentar as barreiras que surgem’, frisou.

A atividade “Homenagem ao Dia do Orgulho Autista” contou com o apoio da Universidade Federal do Pará (UFPA), Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), Universidade do Estado do Pará (Uepa), Instituto Federal do Pará (IFPA), Associação Nacional de Membros do Ministério Público de Defesa dos Direitos dos Idosos e Pessoas com Deficiência (Ampid), Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Belém (Apae/Belém), Coacess/Saest (UFPA), Lions Club Internacional, Núcleo de Acessibilidade e Inclusão Blandina Alves Torres (Uepa), Movimento Mães Guerreiras, ONG Amoras e Associação dos Pais e Amigos dos Autistas de Ananindeua (Apan), entre outras instituições.
Texto: Edyr Falcão