ATENDIMENTO AO CIDADÃO

Liberdade de expressão no Ministério Público é debatida em audiência

Procurador-geral Gilberto Martins discutiu limites e possíveis normas para orientar manifestações de membros
Brasília 13/06/19 09:43

O procurador-geral de Justiça do Pará, Gilberto Martins, participou, nesta quarta-feira (12), de audiência pública, em Brasília, que debateu a liberdade de expressão no Ministério Público brasileiro. Durante o evento, promovido pela Comissão de Defesa dos Direitos Fundamentais (CDDF) do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), representantes da sociedade civil, autoridades e peritos no assunto se manifestaram sobre o tema.

A audiência ocorreu no plenário do CNMP. Na abertura, o presidente da CDDF/CNMP, conselheiro Valter Shuenquener, explicou que a iniciativa da audiência consta no procedimento interno de Comissão (PIC) nº 101/2018-18, instaurado porque “o tema da liberdade de expressão tem sido recorrente no Plenário deste Conselho, uma preocupação constante dos conselheiros, que refletem sobre o modo como essa temática será disciplinada, se é que isso será possível”.

Shuenquener disse também que o objetivo da audiência pública não é o de legitimar qualquer compreensão prévia sobre o tema, mas sim ouvir bastante para que, eventualmente, algo seja proposto em relação à temática em debate.

Conselheiro Valter Shuenquener conduz apresentação no plenário do CNMP
Conselheiro Valter Shuenquener conduz apresentação no plenário do CNMP
Foto: Sergio Almeida (Secom/CNMP)

Em seguida, o pós-doutor em Direito e professor titular da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC/RS) Ingo Sarlet realizou a palestra de abertura do evento. Ele disse que o descrédito das instituições é o que há de mais grave para a democracia. Por isso, em muitos países da Europa, por exemplo, manifestações de agentes públicos em todas as ordens jurídicas, além de não recomendadas, são sancionadas. “Há orientações básicas, como manter cautela e moderação em mídias sociais, não comentar atos dos pares em razão do exercício da função e não comprometer a imagem e a imparcialidade da instituição”, falou.

Sobre o Brasil, Ingo Sarlet falou que o País não necessariamente deve ser igual aos europeus, mas, no mínimo, precisa tomar os exemplos estrangeiros para refletir sobre como lidar com essa temática. “Por onde passei na Europa, nos últimos dois anos, escutei comentários acerca de como membros de instituições de peso no Brasil costumam se digladiar em esfera pública, o que gera impacto institucional. Tendo ciência disso, precisamos avaliar bem as questões e valorar as tomadas de decisão”, afirmou o palestrante.

Pesquisa on-line

O conselheiro Valter Shuenquener também apresentou os resultados de uma pesquisa de opinião on-line, feita por iniciativa do PIC nº 101/2018-18, em que qualquer cidadão podia participar para ajudar o CNMP a debater a liberdade de expressão no Ministério Público brasileiro.

Dos 249 respondentes, dos quais 87 eram membros do Ministério Público, 52,61% foram a favor de o CNMP criar uma regra que regulamente as hipóteses em que as manifestações ofensivas dos membros do MP poderão acarretar sanções.

Do mesmo total de 249 respondentes, 53,41% mostraram-se favoráveis a que o CNMP puna os membros do Ministério Público que façam manifestações ofensivas pelas redes sociais, plataformas digitais ou pela mídia.

Procurador-geral de Justiça do Pará, Gilberto Martins, durante audiência do CNMP
Procurador-geral de Justiça do Pará, Gilberto Martins, durante audiência do CNMP
Foto: Sergio Almeida (Secom/CNMP)

Demais autoridades

Além do procurador-geral Gilberto Martins, também compuseram a mesa de abertura os conselheiros do CNMP Fábio Stica, Sebastião Caixeta, Luciano Nunes Maia e Lauro Nogueira; a secretária-geral do CNMP, Cristina Melo; a presidente da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra), Noemia Aparecida; o presidente da Associação Nacional dos Membros do Ministério Público (Conamp), Victor Hugo Azevedo; o presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), Fábio George Cruz; o presidente da Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho (ANPT), Ângelo Fabiano da Costa; o presidente da Associação Nacional do Ministério Público Militar (ANMPM), Antônio Duarte; e a presidente da Comissão de Assuntos Constitucionais da OAB-DF, Ana Carolina Bastos.

  

Texto: Assessoria de Comunicação Social, com informações do CNMP

 

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