Fórum fortalece o movimento e reúne cerca de 600 mulheres da região do Baixo Amazonas
Foi realizado no Salão Paroquial de Terra Santa nos dias 23 e 24 de março, o 2º Fórum de Mulheres do Baixo Amazonas, com a participação de aproximadamente 600 mulheres da região. O evento com o tema “Seguimos na vida removendo pedras e plantando flores”, foi promovido pelo Centro de Apoio Operacional de Direitos Humanos (CAODH), Núcleo de Promoção da Igualdade Étnico Racial (Nierac), Núcleo Mulher e Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional (CEAF). Além de fortalecer a luta das mulheres, a programação obteve repercussão e participação expressiva das mulheres da região, diante das discussões no contexto de suas realidades e vivências.
O evento teve o apoio do Movimento de Mulheres de Terra Santa (AMTS), Diocese de Óbidos, Associação das Organizações de Mulheres Trabalhadoras do Baixo Amazonas (AOMT-BAM ) e Associação de Mulheres Trabalhadoras do Município de Oriximiná. Vindas em caravanas, de barco e ônibus, participaram mulheres de Terra Santa, Juruti, Faro, Oriximiná, Óbidos, Alenquer, Santarém, Mojui dos Campos e quilombolas e indígenas do Trombetas.
Descrição da imagem: Fotografia colorida de auditório, com mesa de autoridades sentadas e uma mulher, em pé. A mesa tem toalha rosa e ornamentos. Ao fundo e acima há pinturas de temas religiosos.
Após a composição da mesa de autoridades, que teve a presença da promotora de Justiça Ana Maria Magalhães de Carvalho, coordenadora do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco), o diretor do Ceaf, promotor de Justiça Edvaldo Sales, fez a palestra de abertura com o tema “Mulheres Liderança e Participação Política”. Ele destaca que o Brasil, incluindo o Estado do Pará, possui altos índices de subrepresentação política da mulher.
Descrição da imagem: Fotografia colorida de auditório, com um homem em pé, falando ao microfone. A mesa tem toalha rosa e ornamentos.
Os números também indicam uma histórica prática de violência política contra a mulher nos espaços de poder, e as que almejam alcançá-lo através do processo eletivo, por exemplo. “Em razão desses dois fatores é importante neste 2º Fórum de Mulheres do Baixo Amazonas, destacar dois aspectos: primeiro, a relevância da participação política da mulher, não apenas em pleitos eleitorais, mas em todos os espaços públicos e privados de poder. E num segundo momento, incentivar e apresentar os meios de combate a todas as formas de violência contra a mulher, e no caso, da violência política contra essa mulher”, disse Edvaldo.
A coordenadora do Nierac, promotora de justiça Lilian Braga, destacou a importância do fórum para as mulheres da região, pois houve primeiro uma fase de preparação e articulação, que funciona como ponte de diálogo com as participantes dos municípios. O fato de ser realizado no mês de março, no qual é comemorado o Dia da Mulher, movimenta o grupo e fortalece a luta para o reconhecimento dos direitos constitucionais e legais das mulheres.
Descrição da imagem: Fotografia colorida de sala, com mulheres reunidas e sentadas em formato de círculo.
No primeiro dia, após a abertura, as participantes foram divididas em quatro grupos de trabalho, com os temas autocuidado feminino; geração de renda; violência doméstica e familiar contra a mulher e a rede de proteção; comunicação não-violenta. Nos grupos as participantes discutiram sobre suas experiências, inclusive com depoimentos de vítimas de violência. O primeiro dia foi encerrado com a noite cultural, com apresentação das mulheres em músicas autorais, paródias e danças.
Descrição da imagem: Fotografia colorida de auditório, comuma mulher, em pé, ao microfone e tocando violão.
No dia 24 foram realizadas mesas de debates. Sobre a geração de renda para mulheres da Amazônia, falou Maria Luiza Nunes, integrante do coletivo “Pretas Paridas”, de Belém, que enfatizou a necessidade da produção de renda também contribuir com a sustentabilidade e a proteção dos territórios. A mesa contou ainda com cinco mulheres que trabalham na empresa Mineração Rio do Norte, que dividiram suas experiências de inclusão num ambiente predominantemente masculino. De acordo com a promotora de Justiça Lílian Braga, “essa mesa foi riquíssima, pois tivemos essas mulheres que não trabalham mais somente nos serviços subalternizados”. Uma delas era mecânica de máquinas e outra trabalha com automação.
Descrição da imagem: Fotografia colorida de auditório, com mesa e duas mulheres sentadas, uma fala ao microfone. A mesa tem toalha rosa e ornamentos. Ao fundo há imagem em tela de projetor.
Outra palestra foi de Laura Cardoso, psicóloga convidada de Salvador (BA), que falou sobre autocuidado feminino, juntamente com Eveny Pereira, do Conselho Regional de Psicologia (CRP). A última mesa teve como tema a violência doméstica, conduzida pela Promotora de justiça Vyllya Sereni, coordenadora do Núcleo Mulher do MPPA, que abordou a atuação do MPPA e a Lei Maria da Penha, e também Francely Brandão, que abordou a rede de atendimento às vítimas. Na mesa houve o compartilhamento de diversos relatos produzidos pelas mulheres atendidas.
Descrição da imagem: Fotografia colorida de auditório, com uma mulher, em pé, falando ao microfone. A mesa tem toalha rosa e ornamentos. Ao fundo e acima há pinturas de temas religiosos.
Durante o evento também foi feita a entrega da sala amarela, pela prefeitura de Terra Santa, que consiste em espaço para escuta e acolhimento humanizado de mulheres vítimas de violência física e sexual. O próximo fórum deverá ser realizado em Óbidos, cidade escolhida após sorteio no encerramento, e os preparativos já iniciam logo após o fórum de Terra Santa.
Assessoria de Comunicação