ATENDIMENTO AO CIDADÃO

Abertura da VI Semana da Criança debate melhorias na rede de proteção à infância e juventude

Evento on-line reuniu 250 participantes. Palestrantes discutiram sobre principais avanços necessários na proteção de direitos
Belém 22/10/20 11:15

Ocorreu nesta quarta (21) a abertura da VI Semana da Criança e do Adolescentes do Ministério Público do Estado do Pará. O evento este ano está sendo realizado de forma virtual, com um webinário transmitido, de 21 a 23 de outubro, através do canal oficial do MPPA no "Youtube", promovido pelo Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional (Ceaf) em parceria com as Promotorias de Justiça de Infância e Juventude de Belém.

A Semana da Criança é um evento tradicional do MPPA. Este ano, os organizadores fizeram uma homenagem ao Padre Bruno Sechi, fundador do Movimento República de Emaús, rganização que realiza diversas ações para crianças e adolescentes de baixa renda, fornecendo alimentação, cursos, atividades artísticas e outros. Antes da Palestra Magna foi exibido um vídeo sobre a vida e o trabalho do Padre Bruno Sechi no Pará. A apresentação do vídeo ficou a cargo do palhaço Claustrofóbico, que há anos anima as atividades lúdicas da semana.

MPPA prestou homenagem ao Padre Bruno Sechi, fundador do Movimento República de Emaús
MPPA prestou homenagem ao Padre Bruno Sechi, fundador do Movimento República de Emaús
Foto: MPPA

Após o vídeo homenagem ao Padre Bruno, foi apresentado aos participantes pela organização do evento um vídeo da Semana da Criança - Retrospectiva de 2015 a 2019, com imagens de todos os anos e destacando as atividades realizadas ao ar livre, com ações lúdicas e educativas às crianças e adolescentes, além dos seminários em auditórios.

Imagens das cinco edições anteriores da Semana da Criança foram apresentadas em vídeo
Imagens das cinco edições anteriores da Semana da Criança foram apresentadas em vídeo
Foto: MPPA

Participaram da abertura o diretor do Ceaf, Rodier Barata Ataíde, a coordenadora do Centro de Apoio Operacional da Infância e Juventude (CAOIJ), Leane Barros Fiuza de Melo e a promotora de Justiça de Infância e Juventude de Belém, Viviane Veras Couto. O evento contou também com uma mensagem de vídeo da procuradora-geral de Justiça em exercício, Cândida Nascimento.

A procuradora-geral falou sobre a homenagem ao Padre Sechi, que faleceu este ano depois de complicações devido a covid-19, e também parabenizou os membros do Ceaf, CAOIJ e Promotoria da Infância, que se dedicaram para fazer o evento, que tradicionalmente ocorre de forma presencial e reúne centenas de pessoas em praças e auditórios, de forma virtual. “Sem a determinação deles, este evento não poderia estar sendo realizado. Por isso, quero louvar o empenho de todos os colegas, agradecer a colaboração dos nossos parceiros e da sociedade civil que está conosco nesses momentos”, disse Nascimento.

Procuradora-Geral de Justiça em exercício, Cândida Nascimento, agradeceu as parcerias para o evento
Procuradora-Geral de Justiça em exercício, Cândida Nascimento, agradeceu as parcerias para o evento
Foto: MPPA

Palestraram no webinário o procurador de Justiça do Ministério Público do Paraná Murilo José Digiácomo e o advogado Ricardo Washington, presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Pará.

Na Palestra Magna “30 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente: conquistas e desafios”, proferida pelo procurador do MPPR, Digiácomo foi enfático sobre o papel das instituições que compõem a rede de proteção à infância e juventude. Para ele, é necessário que os atores sociais ativos trabalhem em conjunto.

O procurador deu foco especial aos papel dos conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA), que, segundo ele, deveriam ser mais presentes na elaboração de políticas públicas e na organização dos fluxos de informação entre os agentes da rede de proteção à criança e adoelscente “Uma cobrança que deveríamos fazer é o funcionamento desses conselhos, para que eles possam cumprir o papel que cabe a eles. A função deles não é só gerir fundo da infância e organizar eleição para conselho tutelar. Não é só o que tradicionalmente se faz. É deliberar a política para infância e juventude que será implementada pelo governante”, explica Digiágomo. 

Já o representante da OAB, Ricardo Washington, debateu sobre o papel da Ordem no Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente (CEDCA), formado por diversas instituições da sociedade. O palestrante abordou também os desafios para atuação do CEDCA, que teve seus trabalhos paralisados por seis meses.

Entre as diversas aperfeiçoamentos que o conselho precisa, segundo o advogado, estão melhorias estruturais e orçamentárias. “O conselho precisa de um local melhor. Essa é uma demanda do CEDCA: que o governo estadual dê estrutura digna ao conselho estadual, pois a atual é muito deficitária. O Conselho não possui o serviço de assessoria, com apoio técnico para os conselheiros. O Conselho também não consegue ter incidência no orçamento público do Estado”, conta o presidente da comissão. Segundo Washington, essas mudanças são necessárias para que o conselho exerça sua função de órgão deliberador de políticas públicas voltadas à esse tema. 

A coordenadora do CAOIJ, Leane Fiuza de Melo, em sua manifestação, falou sobre a importância do trabalho do executivo para realizar as deliberações dos conselhos. A coordenadora conta que isso pode ser desenvolvido ainda na fase de eleições, para garantir que os candidatos aos cargo de gestão pública se comprometam a realizar ações para a infância e juventude, sobretudo na área da cidadania, fomentando a criação da consciência cidadã nas crianças e adolescentes através das escolas, por exemplo.

Leane pontuou também que já existem leis que tratam do tema e que precisam ser cumpridas. “O marco legal pela primeira infância ratifica isso, conferindo autonomia às crianças na faixa etária de 0 a 6 anos. Logicamente que devem ser usadas metodologias específicas para se conferir autonomia e capacidade de expressão para que os pequenos possam efetivamente participar dos processos de debate e elaboração das políticas e medidas sobre a sua existência e garantia dos seus direitos.”

A promotora de justiça Viviane Veras Couto também falou sobre o assunto, sugerindo em ações que desenvolvam a cidadania, como a participação de adolescentes nos conselhos escolares. “Se a gente fomentar esse protagonismo, através da participação dos adolescentes nos conselhos escolares, onde é decidido todo o plano de atuação que deve ser elaborado, a carga horária escolar, seria muito benéfico”, frisou a promotora.

O diretor do Ceaf, Rodier Ataíde, ponderou sobre a importância de debates sobre os direitos da criança e do adolescente, que devem ser feitos, questionados e melhorados. “É profundamente necessário refletir sobre esses temas para que não haja retrocessos. Existem um grande preço de não se fazer essas discussões”, afirmou o diretor. Ataíde explicou ainda que caso haja retrocessos, milhões de pessoas podem sofrer com isso e que elas devem ser protegidas. 
 

Texto: Sarah Barbosa
Edição: Edyr Falcão

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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